quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Saudade...

A dor que dói mais....
Prender o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Doem essas saudades todas.

Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é não saber.
Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Coca-cola, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

[Martha Medeiros]


Pois é depois de ficar sumida tanto tempo, precisei postar esse texto aqui. Domingo no O Globo a Martha Medeiros escreveu um texto falando sobre um novo amor para apagar o outro, incrível como alguns textos caem como uma luva pra gente, não dei muita importância joguei de lado, depois lendo com mais calma e com mais vontade ameiiiii! Fiquei impressionada como essa mulher pode tocar no fundo do coração. Ai como já era de se esperar fui eu, a curiosa, buscar no google mais sobre ela. Dei de cara com esse texto. Nem por cinco centésimos de segundo pensei em não postar ele aqui. Perfeito... Martha depois desse texto você me ganhou de vez!
Agora cá estou eu nova fã de Martha Medeiros e leitora assídua da coluna do jornal de domingo!


Bjinhos & boa semana

Um comentário:

Luka_Lua disse...

arrasou no post!

Veja se atualiza mais esse espaço, viu moça?!

bjksssss